Um caminho para restaurar e conectar paisagens: as trilhas de longo curso como aliadas da restauração ecológica

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Do Cerrado paranaense à Mata Atlântica, seja na ecorregião do Alto Paraná ou ao longo do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, o Mater Natura está restaurando ecossistemas e reconectando paisagens degradadas. A partir do projeto Reconecta Alto Paraná, iniciado em 2020, o instituto adotou outra iniciativa que vem ao encontro do desafio de criar conexões entre paisagens e pessoas: as trilhas de longo curso. 

Lagoa do Leite, Rio Ivinhema, Lago do Pintado e Rio Paraná.

Alicerçadas sobre o tripé recreação, geração de renda e conservação, as trilhas de longo curso são uma aposta para conectar áreas naturais e melhorar a qualidade da paisagem. Desde a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) em 2000, tem sido um desafio gerir as unidades de conservação (UC) de forma integrada. 

A partir de 2018, com a Portaria Conjunta MMA/MTur 407, que cria a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade, a Rede Trilhas tem trabalhado para conectar as áreas verdes do Brasil, protegidas ou não, por meio de trilhas locais, regionais, nacionais e internacionais. Esse equipamento de recreação leva as pessoas a conhecerem o patrimônio natural brasileiro. 

Assim, os visitantes aquecem a economia local, fortalecendo a cadeia econômica do ecoturismo e evidenciando o potencial socioeconômico de rios, montanhas, campos e florestas bem conservados. 

Em paisagens altamente degradadas, tal como a região sob o domínio da Mata Atlântica, a restauração ecológica anda junto com as trilhas. Os caminhantes e ciclistas, corredores e caiaquistas, ao se deslocarem de uma unidade de conservação à outra, procuram por lugares que lhes tragam a melhor experiência. 

Entre cliques e fotos, buscam, para registrar sua aventura, o pôr-do-sol, o alto de montanhas, cachoeiras, araucárias, rios, lagos e matas ciliares.

Desejam escapar do asfalto e dos prédios, das monoculturas e das longas estradas empoeiradas, para serem surpreendidos por encontros com indivíduos da fauna silvestre e com o melhor da biodiversidade. 

Esta necessidade por mais verde, ar puro e água limpa, exige que estes percursos sejam alvo de restauração, para que se criem caminhos arborizados, alamedas, ou longos corredores ecológicos. 

A primeira trilha a ser reflorestada pelo Mater Natura, conta com a parceria do WWF-Brasil, por meio do projeto Reconecta Alto Paraná – restaurando corredores e unindo pessoas e apoio da Rede Gestora do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, a trilha está localizada no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (PEVRI), no Mato Grosso do Sul. 

Rota dos Pioneiros. Foto: Erick Caldas Xavier

São 10,5 hectares ao longo de uma trilha de aproximadamente 3 km, que conecta outras áreas em processo de restauração na unidade de conservação (UC) e leva à Lagoa do Leite. Um dos objetivos na escolha da área foi, justamente, contemplar o uso público da UC, além de contribuir para restaurar o déficit de áreas degradadas previstas para recuperação no Plano de Manejo do Parque.

Enquanto a trilha está em processo de restauração, com plantio iniciado há um ano, onças-pintadas, cervos-do-pantanal, quatis, emas, antas e iraras, vão utilizando a estrada que, aos poucos, vai se transformando em trilha sombreada pelo corredor formado pelo plantio das espécies nativas. 

O PEVRI, por sua vez, está conectado em seus extremos ao Parque Nacional de Ilha Grande ao sul e ao Parque Estadual do Morro do Diabo ao norte, pela Rota dos Pioneiros, a maior trilha aquática do Brasil e parte da Rede Nacional de Trilhas, conforme Portaria GM/MMA nº 326, de 28 de dezembro de 2022 do Ministério do Meio Ambiente. 

Rota dos Pioneiros. Foto: Erick Caldas Xavier

Criado em 2019, este longo percurso vem sensibilizando a sociedade sobre a importância da conexão de paisagens naturais e promovendo sua participação na implementação do SNUC, para que um dia estas unidades de conservação estejam completamente conectadas por corredores verdes

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