27 de fevereiro de 2020, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.
O projeto Conservação dos sapinhos da montanha (Brachycephalus spp.) do Sul do Brasil chegou a seus primeiros seis meses de desenvolvimento. O primeiro mês de atividades, em setembro de 2019, foi destinado à obtenção de informações preliminares e preparação da equipe e logística para que, entre os meses de outubro/19 a fevereiro/20, ocorresse saídas de campo para coleta de dados da ecologia, das populações e da distribuição geográfica das espécies desse gênero. O conjunto desses dados, aliados aos resultados de mapeamento de ambientes e ameaças, permitirá o delineamento de estratégias de conservação às espécies ameaçadas, o que ocorrerá ao final dos dois anos de duração do projeto.
Entre 2011 a 2014 o Mater Natura iniciou o primeiro projeto para estudos dos sapinhos microendêmicos e montanas dos gêneros Brachycephalus e Melanophryniscus, sendo seguido de um segundo projeto desenvolvido entre os anos de 2015 a 2018. E, ao final destes sete anos contínuos de pesquisas, a equipe destes projetos descobriram 15 novas espécies de sapinhos destes gêneros. No conjunto, atualmente temos 21 espécies descritas de sapinhos da montanha no sul do Brasil, as quais ocorrem no leste do Paraná e nordeste de Santa Catarina. E estas 21 espécies são o alvo do presente projeto do Mater Natura, iniciado em setembro de 2019 e com previsão para final de 2021.
De forma geral, dentre os objetivos do projeto estão a busca de novas localidades de ocorrências de sapinhos da montanha no sul do Brasil e levantar dados como ameaças, microclima preferencial, tamanhos de áreas de ocorrência, estimativas de tamanhos populacionais e abundância por local a fim de determinarmos o grau de ameadas das espécies e ações de conservação.
Dentre as citadas atividades de preparação para o campo, efetuou-se uma modelagem para verificar a existência de possíveis novas áreas de ocorrência dos sapinhos. Para tal, foi feita uma compilação dos registros prévios das 21 espécies do sul do Brasil. Já, em campo, foram efetuadas diversas expedições para encontrar novas populações (Figuras 1-2), orientadas pelos mapas gerados pela modelagem, como também algumas para a obtenção de dados ambientais e populacionais de espécies em localidades já conhecidas. Em muitas das novas áreas exploradas não se obteve registros de sapinhos da montanha e em algumas se obteve êxito.
Foram procuradas 10 espécies em campo nesse primeiro semestre do projeto e efetuados novos registros de três delas (Figuras 3-5). Também foram efetuados registros de sapinhos da montanha em cinco novas localidades, mas até o momento não foi possível identificar as espécies envolvidas. Ademais, os dados indicam que os registros prévios de Brachycephalus hermogenesi no Sul do Brasil referem-se, na verdade, a B. sulfuratus (Figura 5).
Para auxílio na identificação das novas populações estão sendo efetuadas análises histológicas inovadoras no contexto dos sapinhos da montanha. Quatorze espécies do sul do Brasil já foram preliminarmente analisadas e outras o serão ao longo dos próximos meses.
Para o segundo semestre de atividades, ora iniciado, serão continuados os trabalhos de campo para a obtenção de novos dados e de laboratório para análises que visam a identificação das populações descobertas. Outra atividade que se iniciará nesse segundo semestre será a modelagem em três dimensões de áreas de ocorrência de algumas espécies de sapinhos da montanha, utilizando como ferramenta o sobrevoo de um drone para o registro de imagens em alta resolução. Outra atividade a ser iniciada é a instalação de estações digitais para registro de dados climáticos de locais de ocorrência de certas espécies. Isto permitirá compreender melhor alguns dos fatores que influenciam a sobrevivência dos sapinhos da montanha.