Manguezais e ambientes associados têm sido impactados pela invasão de espécies exóticas. Além disso, são vulneráveis aos efeitos da mudança climática, em grande parte, por estarem na interface entre rios e mares e na transição dos meios terrestre e aquático. A elevação do nível do mar pode submergir áreas de baixa altitude, como manguezais e brejos salinos e aumentar a salinidade do estuário; eventos climáticos extremos, como tempestades e enchentes podem aumentar a vazão de rios, causando erosão pela redução da salinidade, dentre outros impactos potenciais.
Nesse contexto, o projeto visa desenvolver e implementar, de forma participativa, estratégias e práticas de Adaptações baseadas em Ecossistemas (AbE) dirigidas aos manguezais, brejos salinos e comunidades do litoral do estado do Paraná, com o intuito de torná-los mais resilientes à mudança climática. Com a abordagem da Teoria da Mudança, atuará nas frentes de restauração, modelagem climática, articulação territorial, ações socioambientais e comunicação.
Restauração
A frente de restauração visa erradicar um tipo de capim invasor conhecido como braquiária-d’água (Urochloa arrecta) numa área de 6 hectares de manguezais e brejos salinos da baía de Antonina. Essa planta invasora causa a eliminação da flora e da fauna originais quando em grande densidade, o que impacta em especial espécies ameaçadas de extinção, como a ave bicudinho-do-brejo (Fornicívora acuttirostris). Erradicando a braquiária-d’água, pretende-se propiciar a recuperação dessa área. Para acompanhamento dessa recuperação, será realizado o monitoramento da recomposição da flora e da comunidade de aves.
A erradicação da braquiária-d’água será realizada por manejo mecânico, com roçadeiras e sem aplicação de produtos químicos. Será produzida uma cartilha contendo detalhamento sobre a prática de manejo utilizada pelo projeto na baía de Antonia; essa cartilha também abordará os cuidados que moradores e frequentadores locais podem adotar para contribuir com a conservação do estuário. O material ajudará na divulgação das práticas adotadas e na replicação das técnicas de restauração.
Modelagem climática
Outro foco do projeto será realizar um mapeamento das possíveis alterações na distribuição geográfica de manguezais e brejos salinos com base em projeções futuras de elevação do nível do mar, como uma das ferramentas para avaliar vulnerabilidades regionais e indicar áreas prioritárias para ações de Adaptações baseadas em Ecossistemas (AbE). Modelagens quantificarão os estoques de carbono dos manguezais e brejos salinos, bem como suas possíveis variações por consequência da mudança climática.
Articulação territorial
Ao longo dos 24 meses, será também realizado um diagnóstico integrado e colaborativo envolvendo análise de demandas e oportunidades para a conservação de manguezais e ambientes associados dos sete municípios do litoral paranaense. O objetivo é ampliar o debate, a atuação em rede e o fortalecimento da gestão integrada do território junto aos diversos atores e públicos.
Ações socioambientais
Por fim, ações socioambientais envolvendo pescadores artesanais da baía de Antonina e comunidades locais serão realizadas para identificar o uso dos recursos naturais e discutir estratégias de conservação ambiental e manutenção da qualidade de vida, incluindo reflexões sobre a mudança climática e seu impacto local. Alunos e professores da rede pública de ensino e da escola técnica de Antonina serão incluídos em diversas ações para que possam atuar omo multiplicadores das ações formativas.
A equipe multidisciplinar
A equipe do projeto é composta por Marcos R. Bornschein (coordenador), Anabel de Lima, Anne Zugman, Bruno de Morais Guerra, César C.V. Tavares, Elielson Marcelino, Helena Zarantonielli da Costa, João Guimarães, Juliana Ventura de Pina, Juliana Vitulskis, Karina Luiza de Oliveira, Larissa Teixeira, Paulo A. Pizzi e Ricardo Pamplona Campos.