Primeiro dia do Seminário discutiu desafios e oportunidades da restauração da Mata Atlântica em contexto internacional

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28 de outubro de 2019, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.

A abertura do III Seminário do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e do I Seminário do Corredor de Biodiversidade das Araucárias foi realizada na tarde do dia 17 de outubro, em Foz do Iguaçu (PR), no Refúgio Biológico Bela Vista, da Itaipu Binacional.

Coordenador do projeto Corredores de Biodiversidade, Marcelo Limont abre evento
Coordenador do projeto Corredores de Biodiversidade, Marcelo Limont abre evento.

O evento foi realizado pelo projeto Corredores de Biodiversidade, patrocinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e executado pelo Mater Natura. Com foco na restauração ecológica, a iniciativa é desenvolvida em conjunto com 18 parceiros que compõem a Rede Gestora dos Corredores de Biodiversidade, criada em 2010. O outros dois primeiros seminários do Corredor do Rio Paraná foram realizados em 2013 e 2015.

Segundo o coordenador do projeto, Marcelo Limont, cerca de cem pessoas participaram do evento na última semana, representando um conjunto variado de instituições do Brasil, da Argentina e do Paraguai, que atuam no âmbito do Estado, da Sociedade Civil Organizada, da iniciativa privada e da pesquisa. “Foi um público qualificado, diverso, com várias experiências e com vontade de trabalhar em conjunto”, avalia.

O evento iniciou com uma reunião sobre a Rede Trinacional para Restauração da Mata Atlântica, coorganizada pela WWF-Brasil, WWF-Pay, Fundación Vida Silvestre Argentina – FVSA, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto), Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), Ecosia e Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais. A demanda pela criação desta rede é antiga, como explica o analista de conservação do Programa Mata Atlântica da WWF, Daniel Venturi. “A conservação vai além de fronteiras e, com as experiências de mais de 10 anos do Pacto, já existia um forte estímulo para criar a rede nessa região, que é muito importante para a conservação da Mata Atlântica, e que une Brasil, Paraguai e Argentina. Conectar atores, instituições e pessoas nesse contexto é fundamental”.

Os participantes foram convidados a apontar desafios e oportunidades durante a tarde, divididos em grupos de debates. Para Limont, a reunião trouxe dois elementos-chave sobre processos de restauração ecológica: os impactos quando não há a restauração e as dificuldades para implementar a restauração, por ser uma ação que demanda boa capacidade técnica, planejamento, articulação, recursos financeiros, qualidade de áreas e questões como a conectividade de paisagem. “A restauração é um desafio que precisa ser enfrentado de forma coletiva e articulada para avançarmos de fato nas metas que existem hoje, não só para o Brasil, mas para a América Latina”, conclui.

Grupo de trabalho discute desafios e oportunidades da criação de uma rede trinacional.
Grupos de trabalhos discutem desafios e oportunidades da criação de uma rede trinacional.

Os participantes foram convidados a apontar desafios e oportunidades durante a tarde, divididos em grupos de debates. Para a continuidade da construção da rede, foi proposta a realização de webinars com os parceiros, para compartilhar a sistematização dos resultados da primeira reunião e definir próximos passos. Em paralelo à reunião da Rede Trinacional, foi realizado um encontro para identificar também os desafios e oportunidades do Corredor das Araucárias e ações para o próximo trimestre.

 

Abertura e palestras

No início da noite, compuseram a mesa de abertura o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu Binacional, Ariel Schefer da Silva; o chefe do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Baptiston; o gestor do BNDES, Márcio Macedo da Costa; o analista de conservação do Programa Mata Atlântica da WWF, Daniel Venturi; a coordenadora nacional do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Ludmila Pugliese e o coordenador do projeto Corredores de Biodiversidade, do Mater Natura, Marcelo Limont.

Marcio Costa, do BNDES, durante abertura oficial dos seminários.
Marcio Costa, do BNDES, durante abertura oficial dos seminários.

Em seguida, a bióloga e analista ambiental do Consórcio Intermunicipal para Conservação do Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência (Coripa), Letícia Araújo, palestrou sobre a conectividade entre a paisagem e a restauração ecológica, mostrando os resultados de sua tese de doutorado, que analisou padrões de paisagem a partir de municípios-chave da região do Alto Paraná, dentro do corredor. “Correlacionamos os padrões com indicadores sociais, econômicos e ambientais para chegar ao status de sustentabilidade de cada município”, relatou.

Araújo destacou a importância de desenvolver ferramentas para pensar o planejamento territorial, num contexto regional, tendo como base empírica o Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná. “No final, ela deixou uma provocação, para pensarmos a paisagem numa perspectiva de planejamento, de qual é a influência dessa paisagem para as dinâmicas ambientais e sociais dos municípios que compõem o corredor e, ao mesmo tempo, pensar quanto as suas ações institucionais podem contribuir para melhorar essa qualidade de paisagem”, observa Limont.

Encerrando as atividades, a líder global de restauração do WWF, Anita Diederichsen, falou sobre as perspectivas para restauração no contexto global. “Estamos passando pela Década da Restauração de Ecossistemas, como declarado pela ONU, o que evidencia ainda mais a necessidade de uma governança forte. São necessários atores que saibam trabalhar em conjunto e que também possam avançar sobre como esse trabalho será operado”, apontou.

A especialista ressaltou a importância de ações articuladas, como as dos corredores, e do envolvimento, tanto do setor público quanto do privado, para que as ações regionais possam integrar de forma mais efetiva esses movimentos globais. Conclui com otimismo:“A partir da construção desse objetivo comum e com os atores alinhados, as oportunidades surgirão, assim como mais fontes de financiamento”.

 

 


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