Projeto monitora comportamento da fauna dispersora de sementes no litoral do Paraná
Uma das ações em destaque do projeto “Estudos da Restauração – Pesquisa, Estruturação e Planejamento” é o monitoramento da frugivoria em árvores raras e ameaçadas de extinção, como forma de compreender as interações entre fauna e flora e subsidiar estratégias de conservação.
Com foco na restauração ecológica da Mata Atlântica e no fortalecimento da cadeia da restauração no litoral do Paraná, o projeto é realizado pelo Mater Natura e financiado pelo Programa Biodiversidade Litoral do Paraná com recursos do Termo de Acordo Judicial celebrado entre o Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado do Paraná e a Petrobras, sob interveniência do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Em julho, a equipe do projeto revisou armadilhas fotográficas instaladas em árvores de bocuva (Virola bicuhyba), espécie de grande porte considerada em perigo de extinção (EN) segundo o CNCFlora. A bocuva produz em abundância, no período de inverno, frutos com arilo vermelho, altamente atrativos para aves e mamíferos frugívoros – os principais agentes de dispersão de sementes da floresta.
Para monitorar esses visitantes, o projeto adotou uma metodologia sugerida por Zhu et al. (2022), que combina armadilhas fotográficas posicionadas em nível arbóreo e terrestre. Também são utilizados tratadores abastecidos com frutos da própria árvore, com o objetivo de otimizar a amostragem da fauna dispersora de sementes.
Até o momento, foram registradas 19 espécies animais nas armadilhas, das quais dez consumiram os frutos da bocuva – sendo seis aves e quatro mamíferos. Ao dispersar sementes, essas espécies têm papel fundamental na regeneração da vegetação nativa e na saúde geral dos ecossistemas.
Entender para restaurar melhor
Compreender quais espécies visitam, consomem e dispersam sementes de árvores ameaçadas é essencial para o planejamento de ações de conservação da biodiversidade e também da restauração de ecossistemas.
Além do monitoramento de frugivoria, o projeto atua em diferentes frentes para consolidar e ampliar iniciativas de restauração já iniciadas por outros projetos e parceiros na região litorânea do Paraná desde novembro de 2024. Entre as atividades, destacam-se:
- Levantamento florístico no Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange (PNSHL), em parceria com o Museu Botânico Municipal de Curitiba (MBM) e o Herbário Escola de Florestas Curitiba (EFC/UFPR), para ampliar o conhecimento sobre a flora local.
- Estudos com árvores raras e ameaçadas, incluindo observações fenológicas, frugivoria e testes de germinação realizados no Laboratório de Sementes Florestais da UFPR (LASF).
- Fortalecimento de viveiros florestais, com a coleta de sementes de espécies prioritárias para restauração, em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT) e o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental.
- Elaboração de planos de recuperação ambiental, como o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas e o Plano de Controle de Espécies Exóticas Invasoras no PNSHL.
- Plantios de enriquecimento florestal em áreas do entorno do Parque Nacional, em parceria com o ICMBio – NGI Matinhos.
Avanços em campo
Já foram realizadas pelo projeto expedições ao interior do PNSHL para coleta de amostras botânicas, destinadas a herbários e ao Catálogo de Plantas das Unidades de Conservação do Brasil. Os testes de germinação estão em andamento com espécies ameaçadas como caxeta (Tabebuia cassinoides), cabreúva (Myrocarpus frondosus), Myrcia hexasticha e jacarandá-lombriga (Andira fraxinifolia), com o objetivo de aprimorar as técnicas de produção de mudas.
Confira mais registros das armadilhas fotográficas:
Sobre o Programa Biodiversidade Litoral do Paraná
Criado em 2021, o Programa Biodiversidade Litoral do Paraná promove a conservação, a pesquisa e o uso responsável dos recursos naturais, fortalecendo Unidades de Conservação e impulsionando o desenvolvimento sustentável do litoral paranaense. Financiado pelo Termo de Acordo Judicial (TAJ) firmado após o vazamento de óleo ocorrido em 2001, o Programa investirá mais de R$ 110 milhões em iniciativas estratégicas ao longo de dez anos.
A governança do programa é compartilhada entre organizações da sociedade civil, instituições de ensino superior e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), supervisionados pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Paraná. A gestão financeira e operacional do Programa é realizada pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). Para saber mais, acesse www.biodiversidadelitorapr.com.br.