Projeto remove plantas do manguezal usadas para alimentação bovina que prejudicam o ecossistema

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Manguezal “sufocado” por braquiárias-d’água. Foto: Gabriel Marchi

As braquiárias-d’água, espécies invasoras amplamente utilizadas para alimentação bovina, são o alvo da frente de restauração do projeto “Olha o Clima, Litoral!”. A equipe do Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, com apoio do Programa Petrobras Socioambiental, está envolvida na restauração de manguezais e ecossistemas associados do litoral de Antonina, Paraná. A técnica de manejo que vem sendo adotada no projeto consiste em roçar as braquiárias-d’água e empilhar a massa de vegetação roçada.

Com o empilhamento, as braquiárias-d’água sufocam, o que acaba por eliminar essa vegetação mais rapidamente do que a técnica habitual, que consiste na manutenção da massa roçada espalhada no solo.

Em 1980, não havia invasão por braquiárias-d’água na baía de Antonina. Essa espécie tem potencial tão alto de propagação que, em 2002, já eram 43 hectares de manguezais e ecossistemas associados completamente impactados por ela. 

Em 2019, no último levantamento efetuado, a área de estuário impactada totalizava 58 hectares. Nessas áreas, os animais e plantas nativas não conseguem mais se manter, causando um desequilíbrio do ecossistema com empobrecimento em espécies e perda de biodiversidade.

“Em uma área de brejo/mangue saudável, encontramos saracuras [tipo de ave terrestre] andando, aves pequenas pulando de uma folhinha pra outra (como o bicudinho-do-brejo e o tiê-sangue), formigas, caranguejos, furões, gambás, entre outros. Quando o ecossistema está desequilibrado pelas braquiárias-d’água, encontramos apenas grilos, mariposas e galinhas-d’água com menor frequência”, explica a técnica Larissa Teixeira, integrante da equipe de restauração do projeto.

Uma das metas do projeto é a restauração de um mínimo de 6 hectares de manguezais e ecossistemas da Baía de Antonina que atualmente sofrem o impacto da rápida reprodução de braquiárias-d’água.

Monitoramento da fauna

Área de Intervenção no Parque Estadual do Cerrado – Ano 1 do projeto.

A equipe também está monitorando o uso das áreas impactadas sob processo de restauração pelas aves. Espera-se beneficiar bicudinhos-do-brejo, espécie ameaçada de extinção do litoral do Paraná que tem na invasão de braquiárias-d’água o maior risco para a sua sobrevivência. 

A abundância das aves sob influência do projeto está sendo estimada, incluindo a do bicudinho-do-brejo. “Os indivíduos dessa espécie serão identificados com pequenos anéis coloridos a serem colocados nos pés (anilhas), respeitando uma combinação única que permita monitorar cada um pela observação com binóculos”, afirma Bruno Guerra, ornitólogo da equipe. 

Espera-se que rapidamente essa espécie ameaçada ocupe as áreas recuperadas pelo projeto, aumentando as suas chances de reproduzir e gerar descendentes.

O projeto segue até 2024, com trabalhos em campo sendo realizados duas vezes por mês, sempre nas luas de quadratura, ou seja, de quarto crescente e quarto minguante, quando as marés ficam menos altas e se consegue manejar melhor os manguezais. 

Acompanhe as redes sociais do projeto “Olha o Clima, Litoral!” para saber mais!

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