Mater Natura aprova seu centésimo projeto em edital da Petrobras Socioambiental

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04 de outubro de 2021, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.

O primeiro projeto desenvolvido pelo Mater Natura foi a “Ecolista – Cadastro Nacional de Instituições Ambientalistas”, em 1992 (figura 1). Desenvolvido em parceria com o WWF-Brasil, ele resultou em uma publicação com a listagem de endereços e outros dados sobre mais de 1.000 instituições públicas e privadas brasileiras que atuam na área ambiental. Em 1996 ocorreu a segunda edição revisada e ampliada da publicação, também em parceria com o WWF-Brasil, a UNICEF-Brasil e o FNMA/MMA. Uma terceira versão do projeto foi apresentada em 2006 na forma de plataforma digital em website, a Ecolista Online, patrocinada pela Petrobras.

Edição da Ecolista

Figura 1. 1ª Edição da Ecolista

Decorridos 29 anos, nesse mês de setembro o Mater Natura atingiu a expressiva marca da aprovação de seu centésimo projeto, muito celebrado pela grande concorrência do edital, importância da instituição de fomento e envergadura da proposta. Denominado “Olha o Clima, Litoral!”, o projeto foi selecionado na Seleção Pública 2021 de projetos do Programa Petrobras Socioambiental e será desenvolvido em parceria com o Instituto de Biociências, Câmpus do Litoral Paulista (IB-CLP) da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

O Programa Petrobras Socioambiental é atualmente composto pelas linhas de atuação Educação, Desenvolvimento Econômico Sustentável, Oceano e Clima, que podem ser trabalhadas de forma integrada para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS) 4, 8, 14 e 15, respectivamente.

O projeto aprovado pelo Mater Natura enquadra-se na temática Clima, com enfoque na conservação e restauração de manguezais e ecossistemas associados. Ele será direcionado ao litoral paranaense, com ênfase nos estuários, como o da baía de Antonina.

Estuários estão entre os ecossistemas mais produtivos, biodiversos e importantes prestadores de serviços ambientais ao homem, provendo sustento, proteção e entretenimento, entre outros benefícios.

No entanto, estuários são extremamente vulneráveis a efeitos da mudança climática por se situarem na interface entre rios e mares e na transição dos meios terrestre e aquático. Assim, a elevação do nível do mar pode submergir áreas de baixa altitude, como manguezais e brejos salinos, e aumentar a salinidade do estuário, enquanto eventos climáticos extremos podem aumentar a vazão de rios, causando erosão e redução da salinidade, por exemplo. Adicionalmente, estuários estão entre os ecossistemas do mundo mais afetados por invasão de espécies exóticas.

A proposta visa desenvolver e implementar, de forma participativa, estratégias e práticas de Adaptações baseadas em Ecossistemas (AbE) dirigidas aos manguezais, brejos salinos e comunidades locais do estado do Paraná para torná-los mais resilientes à mudança climática. Se atuará nas frentes restauração, modelagem, articulação territorial, ações socioambientais e comunicação. A equipe multidisciplinar é composta por Marcos R. Bornschein (coordenador), Larissa Teixeira, Bruno de Morais Guerra, Anabel de Lima, Elielson Marcelino, Juliana Ventura de Pina, Karina Luiza de Oliveira, Anne Zugman, Ricardo Pamplona Campos, César C.V. Tavares, João Guimarães, Juliana Vitulskis e Ailton Degues. O projeto encontra-se em fase de tramitação para a assinatura de contrato, devendo iniciar ao final do primeiro semestre do próximo ano, e terá duração de 24 meses.

Pela frente de restauração, será efetuada a erradicação das braquiárias-d’água (Urochloa arrecta e U. mutica) de cerca de 10 hectares de manguezais e brejos salinos da baía de Antonina (figura 2). Esses capins foram introduzidos da África e causam a eliminação da flora original desses ambientes quando em condição de grande densidade, impactando também a fauna, como a ave bicudinho-do-brejo (Formicivora acutirostris), ameaçada de extinção. A restauração será feita por manejo mecânico e contará com as comunidades ribeirinhas e pescadores desportistas para o aperfeiçoamento da intervenção, podendo esse protocolo ser replicado no ecossistema como um todo.

Figura 2. Porção do estuário da baía de Antonina (quadro branco) onde se concentra a maior extensão do impacto da invasão das braquiárias-d’-água africanas (Urochloa arrecta e U. mutica) em brejos salinos e manguezais de todos os estuários do Paraná (polígonos em branco). Nessa região, o projeto prevê a restauração de quase 10 hectares de ambientes invadidos. Ano base do mapeamento, 2019. Fonte: Google Earth Pro 7.3.4.8248.

Destaca-se, ainda a realização de um diagnóstico integrado e colaborativo com análise de demandas e oportunidades para a conservação de manguezais e ecossistemas costeiros sensíveis dos sete municípios do litoral paranaense, ampliando o debate, a atuação em rede e o fortalecimento da gestão integrada do território junto aos diversos atores e públicos.

Ações socioambientais serão realizadas em duas frentes: 1) envolvendo pescadores artesanais da baía de Antonina, para identificar o uso múltiplo dos recursos naturais utilizados por estes e discutir estratégias de conservação ambiental, manutenção da qualidade de vida, proporcionando reflexões sobre a mudança climática e seu impacto no seu modo de vida; 2) direcionada a alunos e professores da rede pública de educação e da escola técnica do município de Antonina, que atuarão como multiplicadores das ações formativas, conduzidas com as temáticas abordadas no projeto.

Por fim, a comunicação terá o papel fundamental de sensibilizar e engajar o público em geral, permitindo também a sistematização e o compartilhamento dos resultados e apoiando a manutenção da transparência e replicação de processos.

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