Atividades do projeto “Conservação dos sapinhos da montanha do sul do Brasil”, durante a quarentena do Covid-19

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26 de abril de 2020, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.

Vários dos projetos executados pelo Mater Natura paralisaram, temporariamente, suas atividades de campo em função da pandemia do novo Coronavírus. Entre eles temos o projeto “Conservação dos sapinhos da montanha (Brachycephalus spp.) do sul do Brasil”, que interrompeu as atividades de campo a partir da segunda quinzena de março e antecipou o início das ações analíticas, previstas para início de abril. Entre essas atividades, que se prolongarão até setembro do corrente ano, incluem-se análises morfológicas e bioacústicas visando a identificação das novas populações de sapinhos descobertas no primeiro semestre de atividades do projeto.

O objetivo do presente projeto é a de identificar as espécies de Brachycephalus do sul do Brasil que são ameaçadas de extinção, levantar informações adicionais sobre elas e atuar em prol de sua conservação.

As montanhas da Serra do Mar são habitat deste grupo particular de anuros, estes incluem-se entre os menores vertebrados do mundo (<2,5 cm), apresentam efeitos de miniaturização e são dotados de cores vibrantes com neurotoxinas na pele. São diurnos e vivem ocultos sob a serapilheira da floresta, onde são mais facilmente ouvidos do que vistos. Alguns sapinhos da montanha são restritos a um ou poucos topos de montanhas, apresentando distribuições geográficas tão restritas quanto as espécies com menores distribuições no globo.

O processo de identificação das populações pode ser bastante moroso quando elas apresentam particularidades morfológicas que ainda não eram conhecidas. Deve-se averiguar a abrangência e regularidades dessas particularidades para assegurar que a respectiva população pertence a uma ou outra espécie descrita. Em última instância, pode-se concluir que se faz necessário retornar ao local para buscar por mais dados a fim de verificar se as diferenças são ou não constantes na população.

O projeto avança em análises morfológicas sobre a estrutura da pele dos sapinhos da montanha (Figura 1), enquanto também se verifica cautelosamente as diferenças de coloração a partir de imagens de exemplares em diferentes ângulos (Figura 2). Uma vez confirmada a qual espécie a população descoberta pertence, passa-se a uma análise cartográfica para verificar o quanto os novos dados ampliam as estimativas de distribuição previamente conhecidas. E nesse sentido, já se levantou dados preciosos nessas primeiras semanas da fase analítica do projeto. Uma certa espécie tinha uma extensão global de ocorrência estimada em uma área equivalente a 5,5 estádios do Maracanã e agora foi ampliada para uma área equivalente a 17 Maracanãs. Ainda assim, é uma distribuição geográfica extremamente restrita, mas pelo menos foi triplicada.

Figura 1.Aspectos histológicos de diferentes regiões da pele de um sapinho da montanha (Brachycephalus sp.).
Figura 1. Aspectos histológicos de diferentes regiões da pele de um sapinho da montanha (Brachycephalus sp.).
Figura 2. Exemplares de sapinhos da montanha (Brachycephalus sp.) fotografados para comparações morfológicas visando auxiliar no processo de identificação. Fotos:MarcosR. Bornschein.
Figura 2. Exemplares de sapinhos da montanha (Brachycephalus sp.) fotografados para comparações morfológicas visando auxiliar no processo de identificação. Fotos: Marcos R. Bornschein.


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