28 de outubro de 2019, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.
O projeto Corredores de Biodiversidade, executado pelo Mater Natura e patrocinado pelo BNDES tem três metas previstas em seu desenvolvimento: a da restauração florestal, a da capacitação e a da articulação institucional. Além do cumprimento destas metas, o projeto tem previsto o apoio à conclusão de uma pesquisa de mestrado. Assim, a técnica Ana Paula Silva, defendeu no dia 24 de setembro a pesquisa intitulada “A viabilidade do sistema agroflorestal enquanto ferramenta para qualidade de vida e conservação da biodiversidade.”Ainda no escopo do projeto, a técnica representou o Mater Natura no I Simpósio Interdisciplinar em Sustentabilidade (I SISU) promovido pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR), em Umuarama-PR, no dia 10 de outubro.
Defesa da pesquisa de mestrado
O objetivo da pesquisa foi avaliar as perspectivas de implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) no Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, considerando os aspectos de qualidade de vida dos agricultores familiares e de conectividade da paisagem, com o objetivo específico de traçar o perfil agroflorestal da região do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná. A pesquisa teve resultados com bases quantitativas do perfil agroflorestal do corredor em escala regional, para este resultado foram analisados indicadores de qualidade de vida e conectividade de paisagem de cento e quarenta e seis municípios cujos territórios tenham abrangência de 60% ou mais na área do Corredor e análise do perfil agroflorestal do corredor em bases qualitativas e escala local com o olhar dos agricultores familiares, para esta análise foram realizadas entrevistas em sete municípios das porções norte, centro e sul do Corredor.
Com os resultados destas análises, foi possível concluir que o SAF de fato tem potencial em promover a conectividade de paisagem, contribuir com a renda familiar e a qualidade de vida dos agricultores. Devido à diversidade dos alimentos cultivados contribui com a segurança alimentar, o componente arbóreo contribui com o microclima local e a melhoria no ambiente de trabalho promovendo conforto térmico pela sombra, os processos ecológicos promovidos pelo SAF contribuem com o desenvolvimento das culturas sem a necessidade de aplicar herbicidas. Acrescenta-se ao viés da conservação o potencial do SAF como trampolim ecológico, pois contribuem diminuição das distâncias entre os fragmentos florestais, ajudando no deslocamento das espécies.
Esta pesquisa identificou oportunidades e limitações para a implantação do SAF no contexto do Corredor. Entre as limitações foi identificada a ausência do extensionista, entre os entrevistados foi mencionada a dificuldade em saber aplicar as técnicas do SAF no manejo das espécies arbóreas, e entre as oportunidades foi identificada a existência das Unidades de Conservação, sendo as de proteção integral contribuindo com o potencial do SAF para a conectividade de paisagem e as de uso sustentável com potencial para cumprir o seu papel de uso sustentável dos recursos naturais. Ainda entre as oportunidades foi identificado o fomento de empresas ou instituições como no caso da porção Sul do Corredor, onde a Itaipu Binacional fomenta a implantação de SAF por meio de cursos e o Grupo Cataratas que investe na compra de alimentos dos agricultores familiares do entorno do Parque Nacional do Iguaçu.
O mestrado foi cursado no Programa de Gestão Ambiental da Universidade Positivo (UP), um dos parceiros do projeto Corredores de Biodiversidade, para o curso houve a concessão de uma bolsa de estudos por meio do PGAMB da UP e do BNDES. Está previsto para o ano de 2020 a submissão desta pesquisa para revistas científicas a fim de publicar os resultados em formato de artigo.
Projeto Corredores de Biodiversidade no I Simpósio Interdisciplinar em Sustentabilidade (I SISU) promovido na UEM e IFPR
Nos dias 8, 9 e 10 de outubro foi realizado o I Simpósio Interdisciplinar em Sustentabilidade (I SISU), promovido e organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade (PSU) e pelas instituições associadas: Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Instituto Federal do Paraná (IFPR). A programação foi desenvolvida nas dependências do Câmpus Umuarama e no auditório da Câmara Municipal de Vereadores de Umuarama; composta por palestras, oficinas e apresentações de trabalhos científicos nas modalidades de painel e oral.
No dia 10 a técnica Ana Paula compôs a mesa redonda “desafios e oportunidades para o manejo sustentável”, em sua palestra apresentou o projeto Corredores de Biodiversidade e os desafios e oportunidades na restauração ecológica, com o trabalho desenvolvido neste projeto como “pano de fundo”. Durante o evento que reuniu um público diário de cerca de 100 participantes, entre estudantes e professores, mencionou a diminuição de editais de financiamento para a restauração ecológica como o do “BNDES Restauração ecológica” como um fator limitador, justamente devido ao custo elevado para esta prática e a carência de referências em publicações sobre o desenvolvimento das espécies nos diferentes tipos de solos também como uma limitação durante a execução dos trabalhos. No entanto, ressaltou que um dos objetivos do projeto é divulgar informações pioneiras em relação a restauração ecológica em áreas com características diferenciadas.
Entre as oportunidades destacou a quantidade de áreas disponíveis para restauração em Unidades de Conservação, editais de financiamento como o que resultou na execução do projeto atualmente patrocinado pelo BNDES e as parcerias,ressaltou ainda que a restauração florestal é uma técnica de custo elevado e parcerias são um diferencial para o sucesso do trabalho, salientou o papel das redes gestoras nos Corredores de Biodiversidade do Rio Paraná e das Araucárias.