Projeto conclui etapa com avanços para a adaptação climática no litoral do Paraná
O projeto “Olha o Clima, Litoral!”, realizado pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais em parceria com a Petrobras, pelo Programa Petrobras Socioambiental, apresenta um relatório de atividades e resultados da sua primeira etapa (2022–2025). A publicação destaca os resultados alcançados na conservação e restauração de manguezais e ambientes associados no litoral do Paraná, com foco na construção de um território mais resiliente às mudanças climáticas. As ações foram desenvolvidas com base em estratégias participativas de Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE).
Foto: Gabriel Marchi
Confira a seguir os principais destaques em cada uma das cinco frentes de atuação do projeto:
Restauração ecológica
Com foco no combate às braquiárias-d’água, espécies exóticas invasoras de capins que afetam a biodiversidade e descaracterizam manguezais e brejos salinos, foram restaurados 6,67 hectares no rio Lagoinha, em Antonina, com a remoção de 654,9 toneladas de biomassa. A restauração permitiu o retorno da vegetação nativa e beneficiou 13 casais de bicudinho-do-brejo, espécie de ave ameaçada de extinção que foi monitorada pelo projeto. A diversidade de aves nativas aumentou de 27 para 50 espécies, incluindo espécies mais sensíveis como o sargento e o curió.
Apesar dos desafios, como o terreno lodoso, as marés e a resistência da planta invasora, o projeto contou com mutirões de voluntários, técnicas como uso de lonas e monitoramento contínuo. Boas práticas de manejo para comunidade local e visitantes foram reunidas em um manual publicado e distribuído pelo projeto.
Vista aérea da baía de Antonina, uma das mais afetadas do litoral por braquiárias-d’água – foto: Gabriel Marchi
Adaptação à mudança climática
O projeto avaliou a vulnerabilidade do litoral do Paraná à mudança climática, com destaque para projeções de aumento do nível do mar e do impacto para ambientes costeiros e para os estoques de carbono azul, além do risco crescente de inundações e eventos extremos.
Uma análise de vulnerabilidade costeira identificou que 5% do território apresenta vulnerabilidade muito alta, com destaque para a Ilha de Superagui, e classificou 12 comunidades com prioridade “muito alta” para ações de adaptação. O projeto também levantou e avaliou as políticas de adaptação à mudança do clima no Brasil e no Paraná para propor Medidas de Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE). As recomendações estratégicas incluem criação de Unidades de Conservação, restauração de ecossistemas e incentivo a atividades sustentáveis como sistemas agroflorestais e ecoturismo.
Os estudos estão reunidos na série de publicações “Mudança climática: projeções e recomendações para o Litoral do Paraná”, disponíveis ao público.
Articulação Territorial
Para fortalecer a gestão integrada do litoral do Paraná, o projeto realizou um diagnóstico participativo da região. Foram promovidas 35 reuniões técnicas, com a participação de 29 instituições e 48 profissionais, incluindo docentes universitários, OSCs socioambientais, gestores de Unidades de Conservação e promotorias do Ministério Público. Foram identificados 25 projetos de pesquisa/monitoramento e coletadas 36 sugestões.
Entre os principais resultados, estão também documentos técnicos com recomendações para adaptação climática para os municípios do litoral, a realização de webinars com especialistas de todo o país e apresentações e palestras em instituições de ensino, secretarias e ministérios públicos.
Ações Socioambientais
A frente socioambiental promoveu ações com comunidades pesqueiras e escolas públicas, mobilizando mais de 400 crianças, 31 educadores e 65 pescadores.
As atividades incluíram oficinas lúdico-educativas, cursos de educação financeira, formação de professores, produção de cartilhas educativas e eventos de diálogo de saberes com moradores e especialistas. O objetivo foi sensibilizar os envolvidos e integrar o conhecimento técnico com o saber tradicional para fortalecer os meios de vida sustentáveis.
Comunicação
Com uma abordagem criativa e estratégica, a comunicação foi fundamental para aproximar a sociedade do projeto. Foram produzidos materiais informativos, vídeos, documentários e conteúdos para redes sociais.
Destaques incluem: 663 publicações nas redes sociais, com alcance superior a 449 mil contas; 41 newsletters enviadas; a produção da websérie Olha o Clima, Litoral! e do documentário Florestas Beira-Mar; 88 matérias na imprensa, com Valor Equivalente Publicitário (VEP) de mais de R$ 3 milhões; mutirões e outros eventos para sensibilização e divulgação e 14 publicações, com mais de 5.200 cópias impressas para algumas delas, incluindo cartilhas educativas e relatórios sobre mudanças climáticas e orientações para os municípios.
Com essas ações integradas, o projeto Olha o Clima, Litoral! dá uma contribuição efetiva para a construção de um litoral mais resiliente, sustentável e conectado com as comunidades e os ecossistemas que o compõem.
Acesse o relatório completo e conheça mais aqui!