Conservação de espécies de sapinhos descobertos em estudos do Mater Natura, é objeto de novo projeto

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25 de Agosto de 2019, notícia publicada pelo Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais.

O projetoConservação dos sapinhos-da-montanha (Brachycephalus spp.) do sul do Brasil” foi a segunda proposta do Mater Natura aprovada no Edital de Apoio a Projetos 2019” da Fundação Grupo Boticário. Seu desenvolvimento está previsto para o período de setembro de 2019 a agosto de 2021.

Em sua execução, o Mater Natura terá como parceiros a Universidade Estadual Paulista – UNESP; a Universidade Federal do Paraná – UFPR; a Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR; a Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, e o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina – IMA.

O corpo técnico do projeto é composto por um conjunto significativo de técnicos e pesquisadores, a saber: Marcos Ricardo Bornschein (responsável técnico), Marcio R. Pie, Luiz Fernando Ribeiro, Marcos Eugênio Maes, Selvino Neckel de Oliveira, Glauco Ubiratan Kohler, Mário Júnior Nadaline Barbosa, Mauro Pichorim, Francisco Sekiguchi de Carvalho e Buchmann, Bruno Júlio de Oliveira, Vitor de Carvalho Rocha, Anderson da Rosa, Eduardo de Farias Geisler, Kauan Bassetto dos Santos, Leonardo Leite Ferraz de Campos, Satyabhama Devi Weihermonn de Oliveira e Sophia Kusterko Novaes.

O objetivo geral do projeto é o de identificar as espécies de Brachycephalus do sul do Brasil que são ameaçadas, levantar informações adicionais sobre elas e atuar em prol de sua conservação. Em síntese, serão efetuadas buscas por novas localidades de ocorrências de sapinhos-da-montanha no sul do Brasil e levantados dados como ameaças, microclima preferencial, tamanhos de áreas de ocorrência, estimativas de tamanhos populacionais e abundância por local a fim de determinar o grau de ameaças das espécies e ações de conservação.

As montanhas da Serra do Mar são habitat do grupo particular de anuros denominados sapinhos-da-montanha (Brachycephalus spp.). Incluem-se entre os menores vertebrados do mundo (<2,5 cm), apresentam efeitos de miniaturização e são dotados de cores vibrantes com neurotoxinas na pele. São diurnos e vivem ocultos sob a serapilheira da floresta, onde são mais facilmente ouvidos do que vistos.

Brachycephalus sp. Foto: Luiz Fernando Ribeiro
Sapinho-da-montanha. Brachycephalus sp. Foto: Luiz Fernando Ribeiro

Nos últimos 10 anos houve um aumento no interesse sobre essas espécies, com pesquisas dirigidas especificamente a buscá-los em montanhas. Nesse período foram descritas 22 espécies de sapinhos-da-montanha, das quais 15 no sul do país, totalizando-se hoje 36 espécies. Desse subtotal de 15 novas espécies para o sul do país destaca-se que 12 delas foram descritas por integrantes da presente equipe, durante a execução de dois outros projetos do Mater Natura, também patrocinados pela Fundação Grupo Boticário, e desenvolvidos no período de 2011 a 2018.

Alguns sapinhos-da-montanha são restritos a um ou poucos topos de montanhas, apresentando distribuições geográficas tão restritas quanto as espécies com menores distribuições no globo. As razões desse grau de restrição começam a ser desvendadas, parecendo estarem relacionadas a condições climáticas. Em florestas tropicais, a temperatura pode baixar de 0,4°C a 0,7°C a cada 100 m a mais de altitude e a pluviosidade anual pode aumentar 40 mm, em média, a cada 100 m de incremento altitudinal. Além das restrições do clima nas abundâncias e distribuições das espécies, suas regiões de ocorrência ainda vêm sofrendo retração em área por impactos de origem humana.

A necessidade de ações imediatas para a conservação dessas espécies microendêmicas repercutiu em distintas esferas. Existem ações específicas de conservação previstas no Plano de Ação Nacional dos Anfíbios do Sul do Brasil, como, também, em recente portaria do Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina voltada para a conservação dos anuros microendêmicos e de distribuição restrita. O presente projeto está em consonância com esses esforços, objetivando levantar dados de distribuição geográfica, demografia, ecologia (envelope climático) e ameaças dos sapinhos-da-montanha do sul do Brasil para a proposição de ações e estratégias específicas de conservação.

Serão feitas propostas ou revisão das categorias de ameaça das espécies desses anfíbios do sul do Brasil. Das ameaçadas, vamos ter novas áreas de ocorrência conhecidas, extensões de ocorrência e áreas de ocupação estimadas, estimativas de população por habitats, estimativas globais do tamanho populacional, envelope climático inferido e mapeamentos do uso do solo de suas áreas de ocorrência. Por fim, será formulado Planos de Conservação para as espécies ameaçadas, com apoio de diversos especialistas.

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Brachycephalus tridactylus. Foto: Luiz Fernando Ribeiro

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