Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande – PR

CBA
Início: 2002
Término: 2008
Financiador: Companhia Brasileira de Alumínio - CBA; Ourinhos Energia S.A.

 

Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande – PR

 

Participação do Mater Natura no Projeto: Instituição proponente e executora

Financiador: Companhia Brasileira de Alumínio – CBA; Ourinhos Energia S.A.

Parceiros: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis – IBAMA; Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiveridade – ICMBio; Consórcio Intermunicipal para Conservação dos Remanescentes do Rio Paraná e Áreas de Influência – CORIPA; Museu de História Natural Capão da Imbuia – MHNCI; Exército Brasileiro; Itaipu Binacional

Equipe Executora:
Coordenação Geral: Augusto Cesar Svolenski (Mater Natura)
Coordenação Técnica: Karina Luiza de Oliveira (Mater Natura)
Supervisão Técnica: Marisete Catapan (Consultora, IBAMA), Maude Nancy Joslin Motta (IBAMA), Roberto Xavier de Lima (Consultor, IBAMA) e consultores contratados para elaboração da AER e Plano de Manejo

 

Descrição:

O Projeto

O Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa, que durou seis meses, foi realizado um diagnóstico da Unidade de Conservação (UC), utilizando-se do método Avaliação Ecológica Rápida – AER proposta pela ONG norte-americana The Nature Conservancy – TNC, que resultou em instruções para a elaboração do Plano de Manejo propriamente dito, que ocorreu nos meses subsequentes.

O Parque Nacional de Ilha Grande

Localização

O Parque Nacional de Ilha Grande – PNIG é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, com uma área total de aproximadamente 78.875 ha, situado na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Abrange os municípios de Guaíra, Altônia, São Jorge do Patrocínio, Vila Alta, Icaraíma e Querência do Norte, no Paraná, e Mundo Novo, Eldorado, Naviraí e Itaquiraí, no Mato Grosso do Sul.

Histórico

O Parque Nacional de Ilha Grande foi criado pelo Decreto Federal s/n.º de 30 de setembro de 1997, com o objetivo de proteger uma significativa parcela das extensas várzeas deste rio, que se estendem desde a foz dos rios Tietê e Sucuriú, nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, até pouco ao sul da foz do rio Piquiri, já no estado do Paraná. O barramento do rio Paraná pela Usina Hidrelétrica de Porto Primavera suprimiu cerca de 40% deste ecossistema (AGOSTINHO & ZALESKI, 1996; citado por CAMPOS, 2000).

Sua importância reside tanto na conservação dos recursos naturais presentes nesta UC, quanto por compor o Corredor de Biodiversidade do rio Paraná, que inicia no Parque Nacional do Iguaçu até Pontal do Paranapanema.

O processo de criação do Parque foi desencadeado pelos impactos dos grandes empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Paraná (a perda do Parque Nacional de Sete Quedas e a existência de projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Grande).

A partir de 1991 várias foram as propostas para a criação de uma Unidade de Conservação naquela região, culminando com o Decreto Estadual nº 4.464/94 que almejou estabelecer a Estação Ecológica Estadual de Ilha Grande, com área de 28.368 ha e que constitui, atualmente, a Zona Intangível do atual Parque Nacional.

Entre 1994 e 1995, foram criadas as Áreas de Proteção Ambiental – APA pelos municípios de Vila Alta, Altônia, São Jorge do Patrocínio e Icaraíma que, posteriormente, conveniaram-se para administrá-las unificadamente, resultando no Consórcio Intermunicipal para Conservação dos Remanescentes do Rio Paraná e Áreas de Influência – CORIPA.

Características abióticas e bióticas

Esta Unidade de Conservação é formada por um arquipélago fluvial com centenas de ilhas, muitas delas de curta existência, das quais as maiores são as ilhas Grande, Bandeirantes e Peruzzi, além de uma estreita e longa faixa de várzea situada na margem esquerda do rio Paraná.

Estes ambientes tiveram origem há aproximadamente 8.000 anos atrás, durante uma época de alta pluviosidade do período Quaternário e apresentam as feições atuais de lagoas e pântanos geradas a partir de 1.500 anos atrás (STEVAUX et al., 1997; citado por CAMPOS, 2000).

Há uma dominância de depósitos aluviais dos quais originam-se solos hidromórficos (Gleys e Orgânicos), na sua maioria, e não hidromórficos (Cambissolos), os quais condicionam o estabelecimento de espécies de plantas adaptadas às condições de saturação hídrica, quer seja permanente ou temporária.

A região fitogeográfica onde está inserido Parque é a da Floresta Estacional Semidecidual, segundo classificação adotada por IBGE (1992). Entretanto, quase a totalidade da Unidade é recoberta por Formações Pioneiras com Influência Fluvial, representada pelas várzeas, pântanos e lagoas, ocupadas por vegetação herbácea e, mais raramente, arbórea.

A vegetação proporciona a manutenção de uma fauna ainda pouco conhecida, representada por espécies de grande valor para a biodiversidade, muitas delas raras, em perigo ou ameaçadas de extinção, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o puma ou sussuarana (Puma concolor), a onça-pintada (Panthera onca), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), a lontra (Lutra longicaudis), a ariranha (Pteronura brasiliensis), os bugios (Alouatta fusca e A. caraya), o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), a sucuri (Eunectes sp.), a jibóia (Boa sp.), dourados (Salminus maxillosus), jaús (Paulicea luetkni), pintados (Pseudoplatystoma corruscans) e pacus (Piaractus mesopotamicus), dentre inúmeras outras.

O Plano de Manejo

O Plano de Manejo é um instrumento de planejamento e gerenciamento das UCs, elaborado após a devida análise dos fatores bióticos, abióticos e antrópicos existentes em uma unidade de conservação e em seu entorno, que prevê ações de manejo a serem implementadas.

O planejamento ordenado das ações a serem implementadas em uma UC é fundamental para garantir a preservação dos recursos naturais nela existente e a consecução dos benefícios indiretos de ordem ecológica, econômica, científica e social dela advindos.

O documento “Roteiro Metodológico de Planejamento de Parque Nacional Reserva Biológica e Estação Ecológica” (IBAMA, 2002) prevê um planejamento contínuo e gradativo, compreendido em fases, onde o grau de conhecimento da área é determinante para o nível de intervenção a ser proposto no planejamento.

O Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais foi contratado para realizar os trabalhos de elaboração do Plano de Manejo do Parque Nacional de Ilha Grande, executado sob a supervisão e coordenação técnica da DIREC/Coordenação de Gestão de Unidades de Conservação – COGUC/Setor de Plano de Manejo de Unidades de Conservação, permitindo assim que o IBAMA cumpra com um dos seus objetivos de dotar as unidades de conservação federais, de um plano de manejo atualizado.

O financiamento para a elaboração deste Plano de Manejo foi oriundo de medida compensatória oriunda da construção da Usina Hidrelétrica de Ourinhos pela empresa Ourinhos Energia S.A., localizada na divisa entre São Paulo e Paraná. Posteriormente, esta empresa foi vendida para a Companhia Brasileira de Alumínio – ABC, pertencente ao Grupo Votorantim, a qual renovou contrato com o Mater Natura para a conclusão do Plano de Manejo, tendo como interveniente o ICMBio/MMA,

Para saber mais sobre o Parque Nacional de Ilha Grande, consulte “Parque Nacional de Ilha Grande – Re-conquista e desafios” organizado por João Batista Campos e publicado pelo IAP e CORIPA, em 2001.

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