Moradores de Matinhos lutam pela implementação do Parque Municipal do Tabuleiro como Unidade de Conservação. Medida vai proteger espécies ameaçadas, regular o clima local, prevenir enchentes e conectar a fauna e flora urbana
Em setembro, nos unimos à comunidade de Matinhos e organizações da sociedade civil, para solicitar a implementação urgente do Parque Municipal do Tabuleiro como Unidade de Conservação efetiva. Criado pela Lei Municipal nº 1.067/2006, o parque ocupa 3,2 hectares de Mata Atlântica primária remanescente, sendo um dos últimos fragmentos florestais significativos na área urbana do município.
A área está sob ameaça de desmatamento para a instalação de empreendimentos comerciais, o que implicaria no corte de vegetação nativa, impermeabilização do solo e impactos diretos na regulação climática, no escoamento de águas pluviais e no conforto térmico dos bairros Vila Nova e Tabuleiro.

Parque tem 31 mil metros quadrados (Reprodução/Google Maps)
O Parque do Tabuleiro abriga 88 espécies de aves e 12 espécies de mamíferos, além de árvores de importância ecológica e cultural, como Myrcia hexasticha (espécie endêmica em perigo de extinção), Tabebuia cassinoides (Caixeta), Xylopia brasiliensis (pindaíba) e Calophyllum brasiliense (guanandi), que formam o dossel florestal da área.
Além da biodiversidade, o parque oferece serviços ecossistêmicos essenciais: regulação de temperatura, prevenção de enchentes, sequestro de carbono, polinização, conectividade entre fragmentos florestais urbanos e potencial para educação ambiental, lazer e visitação pública.
É reivindicado que autoridades municipais, estaduais e federais adotem medidas concretas de estruturação, incluindo trilhas interpretativas, centro de visitantes, monitoramento ambiental, remoção de resíduos e proteção legal contra especulação imobiliária. A efetiva implementação do Parque Municipal do Tabuleiro representa não apenas a preservação ambiental, mas também um compromisso com a qualidade de vida, sustentabilidade urbana e conservação da Mata Atlântica para as futuras gerações.
Em cumprimento à orientação do Ministério Público (MP), a prefeitura de Matinhos decidiu barrar a instalação de uma loja da Havan no Parque do Tabuleiro. O empresário Luciano Hang tenta, desde 2018, levar o empreendimento ao município, mas esbarra na legislação ambiental e em pareceres contrários de órgãos de controle. O caso ganhou visibilidade pela insistência de Hang, que já acusou o MP e o IAT de “atrasarem o crescimento do Brasil” ao impedir o projeto. Ambientalistas e parlamentares defendem que o parque é estratégico, pois funciona como corredor ecológico, contribui para amenizar temperaturas e atua na prevenção de enchentes. Além de abrigar espécies ameaçadas de extinção, reforçando seu valor para a biodiversidade local. A polêmica exemplifica a tensão entre expansão comercial e a preservação ambiental no litoral paranaense.