Recentemente, durante o monitoramento de fauna feito pelo Projeto Onças do Iguaçu através de câmeras instaladas no entorno do Parque Nacional do Iguaçu (PNI) foi registrada a presença de uma onça-parda e de uma onça-pintada circulando em áreas em processo de restauração. Os registros, além de emocionantes, reforçam a relevância de recuperar ambientes estratégicos para a fauna silvestre.
Foi onde o projeto Reconecta Alto Paraná, realizado pelo Mater Natura em parceria com o WWF-Brasil, realizou a identificação e a mobilização de áreas para restauração ecológica, com apoio do Projeto Onças do Iguaçu, que atua com pesquisa, monitoramento e coexistência humano-fauna. O objetivo é promover a formação de corredores florestais que ampliem a conectividade entre fragmentos e garantam habitats de qualidade para espécies como a onça-pintada, além de contribuir com o equilíbrio ecológico e a resiliência frente às mudanças climáticas.

Para a coordenadora do projeto Reconecta Alto Paraná, Ana Paula Silva, essa sinergia é fundamental. “Ficamos muito felizes em ver registros como esse, de uma câmera instalada em uma área em que temos atuação. Espero que a restauração continue a contribuir com uma das bandeiras que levamos neste projeto: trabalhar por ambientes de qualidade para a fauna!”.
A coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu, Yara de Melo Barros, diz que a presença de onças-pardas e onças-pintadas é resultado de um trabalho de conservação consistente e reforça a importância de atuar em uma área para conservação e restauração. “Porém, é importante enfatizar que o processo de restauração nessa área onde foram encontrados estes registros ainda é bastante recente, iniciou há apenas dois anos, portanto não podemos afirmar que a presença das onças seja resultado direto dessa intervenção, elas já circulavam no local anteriormente”, pontua.
O que é destaque, segundo Yara, é que a restauração está sendo realizada em um local que já era reconhecidamente importante para a espécie. “Significa que estamos atuando para recuperar e fortalecer um ambiente que já possui grande relevância para a conservação das onças, o que é super importante para a conservação de um modo geral”, conclui.
Restauração, conectividade e qualidade de habitats
A fragmentação de habitats é uma das maiores ameaças à biodiversidade. No Paraná, duas regiões são especialmente estratégicas para conservação: a Serra do Mar (Grande Reserva Mata Atlântica) e a Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), onde se localiza o PNI, um dos maiores remanescentes contínuos de Mata Atlântica quando se considera sua conectividade transfronteiriça. “Nessas regiões temos espécies únicas da fauna e da flora, o que mostra a importância da floresta em pé para os processos ecológicos”, destaca Ana Paula.
A estratégia do Mater Natura, nesse contexto, é realizar a restauração ecológica com o plantio de espécies nativas, para melhorar os habitats para as onças e as demais espécies que compõem o ciclo da manutenção do ecossistema.
Isso fortalece o papel das florestas como aliadas na manutenção da biodiversidade, ampliando as chances de sobrevivência das espécies e garantindo que registros como esses sejam cada vez mais frequentes – não apenas como registros pontuais, mas como evidências de ecossistemas mais equilibrados e saudáveis.
Confira os registros!