Cientistas descobrem três novas espécies de sapos

Compartilhe esse conteúdo

2 de dezembro de 2015, por Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais

Com tamanhos que variam de 1 cm a 2,5 cm, eles pertencem ao gênero Melanophryniscus e vivem em grandes altitudes e em meio de bromélias terrestres

Três novas espécies de sapos foram descobertas no bioma Mata Atlântica em Santa Catarina, sul do Brasil, entre as cidades de Garuva e Blumenau, por pesquisadores associados do Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais. A descoberta ocorre no momento em que os principais líderes mundiais se reúnem na Conferência do Clima (COP21), em Paris, para definir um novo acordo global que evite o aumento da temperatura na Terra e as suas consequências. A exemplo de outras espécies de anfíbios, eles são altamente sensíveis às mudanças climáticas e pelo menos uma das espécies foi classificada como ameaçada de extinção na categoria “em perigo”.

O anúncio da descoberta foi oficializado nesta quarta-feira (02) por meio da publicação de um artigo científico na revista internacional PLOS ONE. As três novas espécies pertencem ao gênero Melanophryniscus e foram descobertas em campos no alto da serra do Quiriri e em florestas no alto da serra Queimada e nos morros do Baú e do Cachorro. As espécies são endêmicas dessas regiões, ou seja, só podem ser encontradas ali.

“As novas descobertas mostram quão rica é a biodiversidade da Mata Atlântica, ainda que restem apenas 8% desse ambiente natural tão vasto e desconhecido para muitos brasileiros apesar de concentrar cerca de 70% da população do país”, afirmou Malu Nunes, diretora-executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que apoiou a pesquisa desse projeto. Entre 2013 e 2015, esse mesmo projeto propiciou a descoberta de oito novas espécies de mini sapinhos de outro gênero, Brachycephalus.

As três novas espécies descobertas são Melanophryniscus biancae, Melanophryniscus milanoi e Melanophryniscus xanthostomus, essa última em alusão a uma característica muito peculiar dessa espécie – a cor amarela (xanthos) que orna a boca do sapinho. As demais espécies homenageiam Bianca L. Reinert e Miguel S. Milano pela expressiva contribuição de ambos à conservação da natureza no Brasil.

Os novos sapos têm tamanho variado de 1 cm a 2,5 cm e possuem a pele escura com verrugas e espinhos e se alimentam basicamente de formigas e ácaros. Esses alimentos liberam substâncias químicas que irão se acumular na pele dos sapos e os tornam venenosos, sobretudo aos seus predadores, tais como cobras.

“O mais notável das espécies descobertas é que elas vivem em água acumulada pela chuva na base das folhas de bromélias terrestres, enquanto que as demais espécies reproduzem em córregos e em poças”, disse o pesquisador da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcos R. Bornschein, biólogo e estudioso de aves e anfíbios desde o final da década de 1980. Participaram também da pesquisa os biólogos Márcio Pie, também da UFPR, e Luiz Fernando Ribeiro, da PUCPR.

Apesar de viverem no alto de montanhas, os pequenos sapos são vulneráreis a impactos provocados diretamente pela ação humana, como desmatamentos, queimadas, atividades silviculturais e mineração. “A nossa preocupação é com a ameaça de extinção dessas espécies”, alerta Bornschein. De acordo com as pesquisas e levantamentos efetuados pelos cientistas, foi proposto formalmente que a espécie Melanophryniscus biancae seja classificada como em perigo de extinção. As outras duas espécies possuem dados deficientes que não possibilitam ainda classificá-las de acordo com os critérios da IUCN. “Para ter uma análise mais precisa das outras duas espécies, necessitamos ampliar nossas pesquisas em campo para avaliar a extensão de suas ocorrências e os riscos que sofrem”, ressalta o pesquisador.

Sobre o Mater Natura: O Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais é uma associação civil ambientalista, sem fins lucrativos, de caráter científico, educacional e cultural. Com uma história que se iniciou em 1983, sua missão é contribuir para a conservação da diversidade biológica e cultural, visando à melhoria da qualidade da vida. O Mater Natura tem a finalidade de atuar pela preservação, conservação, recuperação e manejo sustentável do meio ambiente, do patrimônio paisagístico e dos bens e valores culturais. Ao longo desse período executou 71 projetos que resultaram na descoberta de 21 novas espécies de animais da Mata Atlântica.

Artigo na íntegra: http://dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0142791

Inscreva-se em nossa Newsletter

Receba mensalmente o nosso informativo.

Posts Relacionados

Notícias

Projeto Paisagens Conversas avança em ações para restauração em SC

No dia 29 de abril a equipe do projeto “Paisagens Conversas: Restauração Ecológica na Mata Atlântica” se reuniu com o secretário de agricultura de Doutor Pedrinho/SC, moradores de entorno da Reserva Biológica Estadual do Sassafrás e representantes desta UC para apresentação dos resultados da Meta I (Diagnóstico socioambiental) e divulgação das ações planejadas para a

Notícias

Eventos e articulações para fortalecer políticas públicas e a educação ambiental

Pint of Science 2025: ciência e conservação dos oceanos em Pontal do Paraná No próximo dia 21 de maio, participaremos da primeira edição do Pint of Science em Pontal do Paraná, na programação do maior festival de divulgação científica do mundo. O evento acontecerá no bar Cordeiro na Lata, a partir das 19h, e reunirá

Rolar para cima